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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

MAÇONARIA PODE CONTRIBUIR PARA UMA DEMOCRACIA MAIS SAUDÁVEL

www.brasilmacom.com.br - MAÇONARIA PODE CONTRIBUIR PARA UMA DEMOCRACIA MAIS SAUDÁVEL
foto: divulgação
António Reis é, até ao dia de amanhã, o Grão-Mestre da obediência maçónica Grande Oriente Lusitano (GOL). É a mais antiga organização maçónica que existe em Portugal, tendo-se formado em 1802.
António Reis é Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. De passagem em Viseu, o Grão-Mestre do GOL, acedeu a ser entrevistado pelo Jornal do Centro para falar sobre a organização em Portugal e na região.
O Grão-Mestre António Reis vai ser amanhã substituído no cargo por Fernando Lima, ex-líder da Sociedade Lusa de Negócios, gestor de empresas e actual presidente da Sociedade Galilei.
António Reis cumpriu dois mandatos de três anos à frente do GOL. Na fotografia desta página, o Grão-Mestre é fotografado junto a um óleo de Manuel de Arriaga, familiar e primeiro Presidente da República Portuguesa.

A Maçonaria justifica-se na sociedade em que hoje vivemos?
A razão principal que levou ao nascimento da Maçonaria mantém-se actual. Tem a ver com a necessidade de construir pontes entre os homens, para além das divergências de carácter ideológico, político, partidário e, sobretudo, religioso.
Foi a partir da necessidade de superar essas divergências, de encontrar um local ou uma organização onde se pudesse conviver, debater, ser tolerante e respeitar as ideias dos outros, que nasceu a Maçonaria no princípio do século XVIII, em Inglaterra. Era uma Inglaterra dividida por lutas religiosas e partidárias muito intensas.
O que vemos hoje é ainda um mundo muito dividido e partilhado por ideologias e opções políticas e religiosas diferentes e com tendência para cair em fundamentalismos, quer de carácter religioso, quer de carácter ideológico.
A Maçonaria apresenta-se como forma de combater esses vícios e esses fundamentalismos e proporcionar às pessoas uma plataforma de entendimento que supere essas divisões.
É isso que faz sentido no mundo de hoje em que todos nós estamos cada vez mais a ser testemunhas da gravidade das consequências desses fundamentalismos de vária ordem.

E de que forma é que a Maçonaria tem acção no cenário que acaba de traçar?
Congregando, antes de mais, as elites de cada sociedade e de cada país no culto dos valores da tolerância, fraternidade, compreensão mútua, da procura da verdade sem dogmatismos de qualquer espécie.
Nas lojas do Grande Oriente Lusitano (GOL) encontram-se pessoas com diferentes opções religiosas, políticas e ideológicas. Convivem de forma fraterna, discutem os problemas do país, as grandes questões da filosofia e da ciência, sem se hostilizarem.
Na sua vida profana, como dizemos, podem ter opções diferentes, militarem até em partidos diferentes, e na sua loja procurarem opções em conjunto para os problemas da humanidade e do país, em particular.

De que forma é que os maçons intervêm na sociedade? Há alguma determinação nesse sentido por parte do GOL?
Reconhecemos uma grande liberdade de actuação para cada membro da Maçonaria. Mas não há dúvida nenhuma que os estimulamos a todos a empenharem-se na área da solidariedade social da filantropia. A dimensão filantrópica caracteriza a maçonaria desde as suas origens.
Em Portugal esta forma de actuar teve especial importância quando o Estado-providência era muito frágil no nosso país. Falo em fins do século XIX e início do século XX. Altura em que os maçons foram sempre gente empenhada em organizações de solidariedade social. E fundaram muitas que ainda hoje existem, como o Montepio Geral, fundado por maçons no século XIX.
Algumas instituições foram fundadas por maçons e ainda hoje estão na posse do Grande Oriente Lusitano, como são os casos dos internatos de S. João, em Lisboa e no Porto.
Dei exemplos de vestígios, quase simbólicos, do que era a imensa actividade filantrópica da Maçonaria portuguesa.
Mas o que hoje prevalece na Maçonaria é a dimensão cívica, cultural e ética. O que pretende ser é uma vanguarda ética e cívica que defende grandes valores: a liberdade de consciência, a igualdade, a justiça, a tolerância, a cidadania e a laicidade, naturalmente. A separação entre a Igreja e o Estado foi, em grande parte, obra da Maçonaria portuguesa através dos governos da primeira república.
Pretendemos ser defensores acérrimos destes valores. Constituímos uma espécie de elite que está sempre pronta a bater-se por eles e, depois, cada um opta pela melhor maneira prática de os defender. Pode fazê-lo dentro de um partido político, de uma associação cultural e cívica, através do tipo de profissão que acaba por escolher. Tudo isso contribui para levar por diante a defesa dos valores que defendemos.

Falou na política. Esse é dado como um meio no qual a Maçonaria exerce influência. De que forma existe e como vê essa acção?
É preciso que fique muito claro que a Maçonaria não é uma organização política nem um outro tipo de partido político. Não pretende ser uma organização de massas, muito longe disso, mas sim que os seus membros possam influenciar a vida dos partidos políticos em que militam com base nos valores que apontei.
A Maçonaria não é uma organização formada para dar ordens aos partidos políticos ou tentar manipulá-los, nem que lhe obedeçam como marionetes na sua mão. E nem isso era possível pelo que já expliquei. Pode contribuir para uma democracia mais saudável, para evitar sectarismos e posições demasiado fechadas e promover o diálogo entre as diferentes forças políticas.
Tudo isso pode ser uma relação útil por parte de maçons na sua relação com a vida partidária e com a vida política. Não telecomandamos os partidos políticos, os governos ou a Assembleia da República. Há deputados maçons sem dúvida, em diferentes partidos, há ministros e secretários de Estado maçons, sempre os houve, mas o que se passa é que não obedecem a nenhuma central de comando. O Grão-Mestre não é o dono de uma central que movimenta os peões no xadrez do tabuleiro político ou partidário.

Mas qual é a marca que pretendem deixar com a influência que têm na acção de um partido político, por exemplo?
É sobretudo uma marca no plano ético. O maçon tem que ser exemplar na sua conduta ética na política, num partido político ou num órgão de soberania como um governo ou a Assembleia da República. O mesmo deve acontecer se for professor ou gestor num banco ou numa empresa. Deve pautar a sua actividade por padrões de excelência profissional.

Se, como defendem, os grandes desenvolvimentos da humanidade estão ligados aos maçons, de que forma têm a marca da maçonaria os desenvolvimentos de Portugal do pós 25 de Abril?
Dou um exemplo concreto que tem a ver com a zona onde estamos, a região Centro do país. É o caso da Lei do Serviço Nacional de Saúde. É uma extraordinária Lei, que mudou completamente o panorama da Saúde em Portugal, principalmente no acesso que a ela tem a população. É da autoria de um grande maçon que me antecedeu no cargo de Grão-Mestre: António Arnaut, um homem de Coimbra.
A Lei do Serviço Nacional de Saúde foi discutida na loja maçónica à qual pertencia António Arnaut e recebeu contributos dos irmãos daquela loja antes de ter sido apresentada e aprovada na Assembleia da República em 1979.
O mesmo tinha acontecido 60 ou 70 anos antes com a famosa Lei de Separação entre a Igreja e o Estado, apresentada por Afonso Costa na Loja do Futuro, em Lisboa. Estes são casos concretos em que a Maçonaria interveio na vida política e na legislação do país.

Não pretendem dominar, mas sim orientar e influenciar. É assim?
É uma boa síntese essa. Não dominar, não manipular, mas fazer com que os valores maçónicos possam enformar a legislação do país e até o comportamento dos políticos.

Quantos maçons existem em Portugal?
No Grande Oriente Lusitano somos cerca de dois mil.

Em Viseu, segundo apurámos, existem cerca de meia centena de maçons. Quantas lojas existem na cidade?
Temos duas lojas em Viseu. A loja Alberto Sampaio e a loja Alves Martins – a mais recente -, em homenagem ao famoso bispo de Viseu, que era maçon. Na nossa obediência, o GOL, são as que existem em Viseu.

O que é preciso para se ser maçon? Como se entra para a Maçonaria?
Actualmente entra-se para a Maçonaria por cooptação [admissão numa organização com dispensa de formalidades originariamente exigidas]. São os próprios maçons que na sua vida profana [exterior à organização] encontram pessoas com qualidades e interesse nas questões que ocupam e preocupam os maçons e os convidam a entrar. É a maneira mais comum de entrar, ou seja, através de um convite de um maçon a um não maçon.
Mas não é obrigatório que seja sempre assim. Com a internet é mais fácil as pessoas aproximarem-se de nós sem ser através de mediação.
Os pedidos são muito bem analisados e objecto de inquirições e várias conversas – que chamamos de sindicâncias – que obrigam a um conhecimento completo da vida da pessoa e das motivações que têm para se aproximar da Maçonaria.
Só ao fim de um longo e rigoroso escrutínio é que essa pessoa é convidada e presta provas. Chamamos a isso a iniciação. A pessoa é sujeita depois a um interrogatório rigoroso e exigente em que pode passar ou chumbar. Qualquer maçon, por um motivo diverso, pode levantar oposição à entrada de um candidato. O escrutínio passa não só pelas pessoas da loja que o convidou, como também de todos os membros da obediência.

Há quem pense que a Maçonaria não passa hoje em dia de uma agência de empregos. O dever de entreajuda dos maçons pode levar a que se pense assim? É uma enormidade dizê-lo?
Há dois prismas para analisar essa questão.
É claro que a maçonaria é uma fraternidade. É uma sociedade em que os irmãos, como nos designamos, se procuram entreajudar como numa família. Se há a possibilidade de ajudar um dos membros é claro que o maçon o fará.
Mas não é esse o objectivo da Maçonaria. Nenhum de nós interfere na questão dos empregos contornando a Lei. Procuramos ajudar-nos uns aos outros como numa família sem utilizar aquilo a que se chama de cunha, no sentido de prejudicar outras pessoas para que aquele que é meu irmão possa obter um emprego.

Há um caso verídico de alguém que não consegue subir numa carreira profissional e que é aconselhada a ser membro da Maçonaria ou do Opus Dei para o conseguir. Admite que as pessoas, por este tipo de necessidade ou desejo, procurem a Maçonaria?
Se as pessoas vêm com esse objectivo são rapidamente desiludidas. Nas provas de iniciação é-lhes dito que, com esse objectivo, não podem entrar na Maçonaria. E mais: às pessoas que têm essa preocupação só lhes posso dizer que é muito mais fácil fazê-lo através de um partido político, nomeadamente dos chamados partidos do poder, do que através da Maçonaria ou mesmo do Opus Dei.
Não posso falar em nome do Opus Deis mas, sem dúvida nenhuma que os partidos da área do poder são, esses sim, propulsores da possibilidade de se conseguirem empregos.

A recente questão que surgiu à volta dos serviços secretos portugueses fez transpirar para a comunicação social que a Maçonaria ou alguns dos seus membros estariam envolvidos. Falou-se por exemplo da loja Mozart e de membros seus que estiveram envolvidos na questão…
A loja Mozart pertence à Grande Loja Regular Legal de Portugal, não é o Grande Oriente Lusitano. Essa é chamada a Maçonaria Regular. Nós pertencemos à Maçonaria Irregular, Liberal e Adogmática.
No Grande Oriente Lusitano somos completamente alheios a esse assunto.

O Grande Oriente Lusitano e as suas lojas em Portugal têm sido alvo deste tipo de mediatização quando os seus membros estão envolvidos em questões públicas?
Não tenho ideia disso. Isso tem acontecido mais frequentemente com a Grande Loja Regular Legal de Portugal. Temo-nos mantido bastante alheados disso.
Recorda-se certamente do caso da Universidade Moderna. Mais uma vez isso aconteceu com uma obediência que era a Grande Loja Regular Legal de Portugal.
Temos tido uma grande preocupação em evitar que essas coisas aconteçam connosco. Somos muitíssimo prudentes e exigentes, também no nosso recrutamento, para evitar situações desse tipo.

A Grande Loja Regular Legal de Portugal, de que fala, surgiu por uma dissidência do Grande Oriente Lusitano há cerca de duas décadas. Porque é que isso aconteceu?
Eles saíram do Grande Oriente Lusitano nos anos 80 porque entenderam adoptar a filosofia própria da Grande Loja Unida de Inglaterra e da chamada Maçonaria Regular que se distingue da nossa filosofia em dois aspectos essenciais.
Em primeiro lugar porque obrigam à crença numa religião revelada, qualquer que ela seja e à existência de um princípio sobrenatural. Para os maçons do GOL não impomos nenhuma crença e, ao contrário deles, admitimos ateus e agnósticos no nosso seio porque entendemos que o princípio da liberdade de consciência deve ser levado até às últimas consequências.
A segunda grande diferença é a de que os maçons ligados à Grande Loja Unida de Inglaterra não admitem mulheres na Maçonaria, enquanto nós admitimos a existência de mulheres iniciadas na maçonaria.
Sendo embora uma obediência exclusivamente masculina, o GOL reconhece o direito à iniciação das mulheres, necessariamente noutras obediências, e convida irmãs maçonas a irem aos trabalhos das lojas do GOL e aceita convites para ir a trabalhos de lojas de obediências femininas ou mistas.

O que é uma obediência maçónica mista?
As obediências podem ter lojas exclusivamente masculinas, femininas ou mistas – que admitem os dois géneros.
Há várias obediências mistas em Portugal. Há o chamado Direito Humano, uma obediência fundada nos finais do século XIX em França e que se espalhou por todo o mundo, e existe uma Federação Portuguesa do Direito Humano, com lojas masculinas, femininas e mistas.
Existe também a Grande Loja Simbólica de Portugal, do Rito Antigo e Primitivo Menphis-Misrain, que se caracteriza por praticar um determinado rito. Os ritos são formas diferentes de praticar um ritual dentro de uma loja.

As ramificações que teve ao longo dos anos não enfraquecem o legado histórico, ou o próprio conceito, da Maçonaria?
Sim, isso acontece em todas as organizações. Acontece com o Cristianismo, com as suas várias correntes. É quase inevitável que isso aconteça. É humano, demasiado humano.
Mas isso não impede que as diferentes obediências maçónicas encontrem formas de cooperação. Todos nós partilhamos filosofias comuns: a da tolerância, a da fraternidade, a da laicidade. São valores comuns a todos nós.
Eu tenho as melhores relações pessoais com os grão-mestres de cada uma dessas obediências, até da própria Grande Loja Regular Legal de Portugal. Muitas vezes é necessário trocarmos impressões, analisarmos em comum determinados problemas do país e não nos guerreamos.

Ao que se sabe a média de idades dos maçons em Portugal anda pelos 50 anos…
Não tenho estatísticas que o comprovem, mas a experiência leva-me a dizer que tem vindo a descer, pelo menos no GOL e nos últimos seis anos.
O que tem havido é cada vez mais interesse na aproximação à Maçonaria por parte dos mais jovens, nas faixas dos 20 e 30 anos.

Lendo alguns dos requisitos para se ser maçon, que estão disponíveis, por exemplo, no sítio da internet do GOL – em www.gremiolusitano.eu –, regista-se, por exemplo que só pode ser maçon quem nunca tenha tido problemas com a Justiça. Nos dias de hoje muitos dos cidadãos têm problemas e questões que levam por vezes a que sejam cometidos pequenos delitos e ao cumprimento de condenações consideradas menores. Esta é uma barreira importante para a aceitação de membros?
Pedimos obrigatoriamente o certificado de registo criminal. Tentamos saber alguma coisa sobre a vida da pessoa, se teve algum problema grave com a Justiça, embora o ter sido condenada uma vez não seja uma mancha para o resto da vida. Mas temos muito cuidado com isso.
Se algum dos nossos membros é alvo de um processo judicial, é acusado e pronunciado pelo juiz, nesse caso é aconselhado a suspender a sua participação na Maçonaria até que haja uma sentença transitada em julgado.
Se a sentença for condenatória a pessoa é aconselhada a demitir-se. Se o não quiser fazer há um Tribunal Maçónico que a pode irradiar da Ordem Maçónica.

Houve muitos nomes de pessoas ilustres da região de Viseu na Maçonaria. Fale-nos sobre alguns. … Aquilino Ribeiro foi maçon, por exemplo?
Foi. Sem dúvida que foi. Aquilino foi iniciado na Maçonaria em Lisboa e creio que na Loja Montanha, a que mais directamente esteve ligada à Carbonária. Para além de maçon, Aquilino Ribeiro era carbonário.
De pessoas mais recentes lembro-me por exemplo de João Soares Louro – antigo presidente da RTP e secretário de Estado da Comunicação Social -, que foi iniciado na Loja Alberto Sampaio.

O nome de Fernando Vale, um histórico da maçonaria portuguesa na região Centro, também está ligado a Viseu…
Fernando Vale é um dos mais ilustres maçons de sempre na nossa história e nesta região, juntamente com Emídio Guerreiro, mais a Norte.

Vivemos em tempo de crise. A Maçonaria está atenta para se adaptar aos novos tempos?
Temos que estar muito atentos a estes sintomas de inquietação que vão proliferando, mas não podemos cair num certo catastrofismo, nem pensar que a democracia está condenada e que se caminha no sentido de uma certa anarquização das respostas políticas. Longe disso.
Há que aperfeiçoar a democracia e os partidos. Não vejo alternativas a uma organização democrática em que os partidos políticos continuam a ter um papel fundamental.

Está no último dia como Grão-mestre do GOL. Foram gratificantes estes anos?
Foram seis anos muito fecundos em que o GOL cresceu bastante e aumentou até o seu prestígio internacional. Aumentou o número de lojas e obreiros. Faltava-nos a implantação em alguns distritos e, sobretudo, conseguimos abrir uma loja na Madeira, a única Região Autónoma onde ainda não estávamos presentes. Nos Açores temos várias lojas e agora já temos uma oficina na Região Autónoma da Madeira.

Isso acontece numa altura em que há um grande problema político e financeiro entre o Governo central e a Região da Madeira…
É verdade. E não fomos nós os responsáveis do buraco financeiro da Madeira. Mas, concerteza, é útil que a Maçonaria e , em especial, o GOL, estejam agora também presentes na Madeira, o que vai certamente contribuir para melhorar o nível democrático daquele território.

Estão implantados em todo o território nacional?
O único distrito onde não estamos é o de Beja. É um distrito pouco povoado.
De resto estamos presentes em todos os distritos com templos da nossa organização.


Fontes:
www.jornaldocentro.pt / brasilmacom.com.br

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Maçonaria no Mundo

Fundamentos:
A Maçonaria é Associação política, religiosa, esotérica, filosófica... ?
Embora exiba componentes variados que guardam, no âmbito da Ordem, nuanças características de todas essas vertentes, a essência da Maçonaria não se identifica com nenhuma delas, em particular. O fim do século XX, em plena Era da Informação e do Conhecimento, viu crescer a pesquisa sobre a maçonaria. Interesses comuns de instituições maçônicas e de pesquisadores acadêmicos mesclaram-se.   Essa forma de agremiação produz e é produto, a um só tempo, de interesses e aspirações, de convergentes e divergentes.

Fato social (sociabilidade):
No fundo, no fundo, a maçonaria encarna um soberbo exemplo de dicotomia, ou melhor, da contradição existente entre o fato social e sua própria representação;  é que:a) os textos e arquivos históricos existentes falham ao explicar as origens desse grupo de
pertença   -   em três níveis de pertença “justapostos”:   o maçom propriamente,  a Loja e a Obediência   -,  no início do século XVIII, tanto na Inglaterra ou Escócia quanto, em seguida, na França;
b) a plasticidade, em suas multivariadas formas e estilos, das Lojas torna temerária toda e
qualquer generalização, que vai abranger vasto domínio entre a sociabilidade tradicional e a sociabilidade democrática; entre a reflexão esotérica e a militância política (embora nunca partidária);
c) a cultura que serve de base para o segredo maçônico, tanto da parte dos maçons quanto das
associações maçônicas, ao mesmo tempo, demanda acusações e defesas tudo em prol dos próprios interesses maçônicos;
d) a influência da maçonaria suposta e, às vezes, celebrada por maçons é raramente estudada
e trabalhada em larga escala, de modo sociológico ou social (como nesta breve abordagem);
e) e, sobremaneira, a Iniciação e o(s) Rito(s) praticado, cerne da Ordem Maçônica, requerem cultura densa, insofismável e específica, plasmada dentro do vasto campo da crença, para o pleno entendimento dos significados e  extensão dos conceitos.
A contradição, situada entre a realidade maçônica e sua imagem, resta desvantajosa, presentemente, diante da expressa vontade institucional de aumentar o recrutamento e, simultaneamente, erradicar as possibilidades de achaques e ataques gratuitos, aqui e ali, de que é vítima a Ordem.
O fato social maçônico   -   a despeito dos quase três séculos de existência da chamada maçonaria “especulativa” ou “moderna”   -   é pobre e parcialmente descrito, ainda hoje, quer nas obras sagradas ou polêmicas, quer pelos maçons (individualmente) ou pela mídia ou, ainda, pelas instituições maçônicas ou por quem as hostilizam, enfim, pela expressiva maioria dos atores envolvidos nesse fato social.
O espaço social maçônico, nesta Era do Conhecimento em que se vive, caracteriza-se por obediências que tecem sociabilidade em bases e identidades específicas.    Diferentemente dos séculos anteriores, a Ordem Maçônica tem administrado seu espaço social, mediante o protagonismo de seus atores, suas regras “interna corporis”, seus preceitos e seus conflitos domésticos, de forma bem autônoma, a despeito dos embates do passado com a política de governos despóticos e a religião “detentora do monopólio” do sagrado.

Modernidade
No mundo contemporâneo, e a Ordem Maçônica não é refratária a isso, as sociedades sofrem o fenômeno da desinstitucionalização.   Este fato social atinge todas as instituições (religiões inclusive) cuja razão de ser é a de guardar e disseminar uma Tradição.
Aí, então, o progresso atual conspira a favor da autonomia da pessoa e a consequente  individualização do “credo maçônico”,  ou seja  “é a crença sem pertença”.
Salvo listas e listeiros regidos por moderadores eficientes e dotados da necessária seriedade e fidedignidade aos preceitos, premissas, princípios, procedimentos e proposições da Ordem, uma das conseqüências  do fato social fenomênico (acima) é o crescimento de Ordens espúrias (não reconhecidas), sem qualquer tratado válido para “inserção” e amizade, bem como a infestação de crises, revelações, conflitos, confrontos, pela Internet,  quase nunca merecedores de fé  e  ou  credibilidade em muitas listas e listeiros.
A Maçonaria,  enquanto   instituição   iniciática,  repleta  de  ensinamentos  místicos   e  simbólicos,  é  um  sistema  de  moral  e  ética   que  não   deriva  da   antropologia   religiosa.
Pensar em um Estado onde se possa estar organizado, vivendo livres, aprendendo e ensinando, sendo a expressão da Vontade manifestada às claras e sem compromisso escuso, com certeza é, ainda, simples aspiração e utopia. Mas é exatamente nas utopias e nos sonhos onde se encontram os responsáveis pelo movimento do mundo.

Utopia
A  utopia não é  pura  e  simplesmente  uma  obra  de fantasia;     o mundo   ideal   que  revela,   está  fortemente  relacionado   com  a  história   do homem  em   sociedade.  A   sociedade, sob os auspícios e augúrios das crises, em   que  o  mal  tende  a  prevalecer  sobre  o Bem,  a  injustiça   sobre  a  justiça,  o falso sobre  o verdadeiro,  o ódio  sobre  o amor, é a tese.      A utopia  é  a perspectiva  contrária, é a antítese imersa em um mundo dialético.
Nunca,  como agora,  a  Maçonaria  aproximou-se  tanto  da  utopia  restauradora  como nesse   3º milênio,  dado que  só  o pensamento    místico  será capaz de lidar,  a  um só tempo,   com  medo,  violência,  criminalidade,   ricos  e  miseráveis,  limpeza étnica  etc...
A Maçonaria e seus adeptos prova e comprova que é possível viver ao lado do Ara – Altar dos Juramentos, balizados pela idéia do sagrado e orientados pela lenda ou mitologia, agir de modo consentâneo com a realidade circunstante de cada nação em que está sediada (de modo extraterritorial),  lograr ser visível, permanente e bem sucedida, sempre municiados por uma doce utopia.
A utopia ou ilusão da virtude, dos valores axiológicos, da Verdade, do espaço social maçônico, se, de um lado, pode plasmar, no obreiro, uma “metamorfose ambulante”, bem de acordo com a Era da Informação e do Conhecimento, atual, por outro lado dá o mote, o foco e a convergência para as lides maçônicas, além de “construir o homo maçonicus”, o ser do futuro.

Espaço social
O viés do espaço social maçônico, ainda polarizado pelas idéias de forma (institucional) e conteúdo (parte substantiva)  desdobram-se em complexidades que minimizam a contradição derivada da atuação.   Vigoram, como pano de fundo, questões abertas e indagações primordiais derivadas do lado substantivo (ou substancialista) e derivadas   do lado institucional.
  • Espaço Social Maçônico substancialista:
Maçonaria é grupo de pertença, com Forma e Conteúdo: a Forma é mais ou menos institucionalizada, a despeito da potência em tela;o Conteúdo é formado, principalmente, do Credo, do Rito e do Segredo. Forma e Conteúdo mudaram e ainda mudam, no tempo e no espaço (há Rito Mexicano, Rito Brasileiro, Rito Sueco ..., ao lado dos Ritos mais tradicionais). Inúmeros textos (obras) publicados tendem a acentuar substantivamente o efeito da continuidade (da tradição) e a minorar as diferenças, as transformações e as rupturas.
  • Espaço Social Maçônico institucional:
A história da maçonaria é centrada nas instituições e acaba por desprezar o investimento individual de cada obreiro;
-que razões atraem o profano para viver ao lado do Ara?
-por que ser maçom?   Por que ser assíduo nas reuniões maçônicas?   Por que afastar-se e ficar
irregular?,
-como o rito e sua cosmovisão são ensinados?
-deve-se revelar ou não a inserção no espaço social maçônico?
É a defasagem existente entre a sociedade ideal e a real, entre o diireito e o fato (com seus fados e fardos da vida), entre o ordenamento jurídico da democracia profana e as crises do mundo contemporâneo    -    nos planos ecológico, moral, social, decadência espiritual etc...   - que motivam o maçom e a maçonaria a trabalhar, coletiva ou individualmente, em prol da melhoria da família, da sociedade, da pátria e da humanidade.
O discurso maçônico, então, está sempre medindo, avaliando, a distância que separa a sociedade ideal   -   construída  “interna corporis” nas lides  maçônicas da Oficina    -   do mundo real, “externa corporis”, onde mora o obreiro e porfia sua própria existência   Engajamento, harmonia consigo mesmo, certas inquietações e questionamentos metafísicos, caráter excepcional da sociabilidade maçônica, calor humano, fraternidade, entendimento, por exemplo, são coisas que só os maçons possuem!

Pelo mundo

Maçonaria nas Américas:
  • EUA
Há duas possibilidades na maçonaria americana, para além de ser o país com o maior número de maçons, quais sejam:
- a existência paralela de dois sistemas independentes, um para negros e outro para brancos,baseados nos mesmos modelos;
- as Grandes Lojas desenvolvem seus trabalhos autonomamente, nos estados, sendo 50 (menos o Hawaii) de brancos,  e 41 de negros (no círculo dos quais é bem maior a militância no espaço público). O número de maçons, neste país, é estimado em algo próximo de três milhões de obreiros, com menos do que 15% de negros.
  • CANADÁ
O Canadá, país pertencente ao Reino Unido, sofre influências das pertenças maçônicas de, pelo menos, três nações, a saber:
-EUA  pela proximidade e quantidade de obreiros ativos neste;
-Grã-Bretanha pela ascendência cultural em relação aos anglófonos; e
-França idem quanto aos francófonos, que ocupam regiões importantes do Canadá.
  • MÉXICO (e Latinos)
Em que pese a influência e a proximidade americana, o México está bem integrado na Confederação Maçônica Interamericana, cuja próxima Grande Assembléia, em 2012, será sediado no Brasil/GOB.
A Carta de Bogotá, resultante da XXI Grande Assembléia, em 1-5.ABR.2009, reiterou preceitos, premissas e princípios milenares, passou em revista o cenário de desenvolvimento e progresso das nações, inspecionou o atual estágio da ciência e da tecnologia e reafirmou intenções de transformar em ações o pensamento maçônico. Os signatários, em número das maçonarias de dezoito países, contaram, também, com a  chancela de três países europeus, como observadores.
Maçonaria na África:
A influência da colonização fez com que a maçonaria africana fosse de importação britânica ou francesa.   A independência das nações africanas, aqui ou ali, fez com que as Lojas estrangeiras formassem obediências nacionais.
As relações maçônicas nacionais e continentais tendem, presentemente,  a copiar e aprofundar as facções de liberais (não reconhecidas) e regulares, dos moldes europeus.  Já no século XXI as pertenças maçônicas são, em maior número, francófonas.
Maçonaria na Europa Oriental:
Europa Ocidental  (onde a maçonaria, única Ordem Iniciática ocidental, nasceu) e EUA colaboraram e, ainda, colaboram, desde a queda do Muro de Berlim (1989), quanto à retomada das atividades maçônicas nos antigos países comunistas, fornecendo ritos, materiais, recursos pecuniários e livros.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A origem da Maçonaria

Sobre as origens da Maçonaria têm-se gasto rios de tinta e escrito as mais fantasiosas histórias:. Desde os mistérios de Elêusis ao rei Salomão e à Ordem do Templo, tudo tem servido a maçons, desejosos de exaltar a antiguidade da Ordem, e a profanos não menos desejosos de denegrir essa mesma Ordem, para escreverem patranhas e balelas, confrangedoras pela ingenuidade e ignorância que revelam:.

Ligação directa com o passado, só a encontramos no que respeita ao corporativismo obreiro:. Como diz o historiador da Maçonaria Paul Naudon, numa frase concisa e perfeita, "a franco-maçonaria apresenta-se como a continuação e a transformação da organização dos mesteres da Idade Média e do Renascimento, na qual o elemento especulativo tomou o lugar do elemento operativo":.

As corporações dos mesteres conheciam, é claro, para além do seu carácter puramente profissional, preocupações de outra natureza: religiosa, iniciática, caritativa, cultural até:. Tinham seus patronos próprios, suas festas rituais - muitas vezes remontando à Antiguidade, mas com "disfarce" cristão -, seus mistérios, sua intensa solidariedade:. A corporação dos pedreiros, ligados à nobre arte da arquitectura, incluía-se entre as mais importantes, respeitadas e ricas em simbologia e em segredos:. Nela se fundiam princípios, práticas e tradições de construção que remontavam aos Egípcios, aos Hebreus, aos Caldeus, aos Fenícios, aos Gregos, aos Romanos e aos Bizantinos, em suma, a todo o corpus da civilização europeia:. Neste medida, e só nela, se pode ligar a Maçonaria a uma remota Antiguidade:.

É certo que não deixa de impressionar, na cristalização maçónica de hoje, a existência de todo um conjunto de elementos que lembram a organização das ordens da cavalaria e, sobretudo, o ideário dos Templários:. Grande parte do vocabulário maçónico está ligado, por sua vez, ao judaísmo bíblico:. Parece, todavia, que esta associação se deve mais à influência que os Templários exerceram na construção civil e religiosa e nas próprias corporações dos pedreiros do que a uma ligação directa entre Ordem do Templo e Ordem Maçónica:. Não convém esquecer que boa parte dos rituais, ditos escocês e francês, com sua complexa emblemática, foi "inventada" no século XVIII nas cortes e salões aristocráticos da Alemanha, França e Inglaterra:.

As corporações dos pedreiros, como muitas outras, podiam aceitar no seu seio determinadas pessoas que, em rigor, lhes estariam à margem:. Era o caso de estrangeiros, de clérigos, de agregados à profissão, de personalidades desejosas de se integrarem ou de utilidade à corporação:.Já desde o século XV, por exemplo, que as corporações maçónicas escocesas tinham impetrado do rei o privilégio de terem à sua frente, como "grande mestre", um nobre de boa linhagem, hereditário:. No século XVII, muitas lojas de pedreiros britânicas foram reorganizadas segundo o modelo das academias italianas:. Estes maçons aceites tornaram-se, com o andar dos tempos, tão numerosos que imprimiram à corporação de que faziam parte um facies completamente diverso do anterior:. Nas corporações onde tal começou a acontecer, o elemento operativo foi cedendo o lugar ao elemento especulativo:.

Uma transformação deste tipo levou centenas de anos a completar-se:.E só na Grã-Bretanha, onde a tradição corporativa - como tantas outras tradições - se manteve sem desfalecimento até ao século XVIII, foi possível às antigas lojas de pedreiros operativos converterem-se, por completo, em lojas de pedreiros especulativos, mantendo, não obstante, o prestígio e o relevo social do passado:. Só na Grã-Bretanha também, se conservaram o simbolismo e o ritual de tempos remotos, enriquecidos - e, não poucas vezes, deturpados - pela continuidade secular da sua prática:.


Fonte: Grémio Fénix (GOL, Lisboa)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Dia 20 de Agosto, Dia do Maçom

“Em setembro de 1918, o Irmão Antenor de Campos Moura, então Venerável da Loja “Fraternidade de Santos”, propunha ao Grande Oriente do Brasil a instituição do “Dia do Maçom”, que seria comemorado não só como um dia de festa, mas também como um dia de beneficência e de caridade.
Na data fixada, as Lojas de todo o Brasil deveriam realizar uma sessão que fosse Econômica, ou Magna de Iniciação, ou branca; não deveria ser exigido que se cumprisse um programa arcaico e muitas vezes despido de interesse.
Cada Loja que fizesse uma reunião como bem entendesse. Qualquer data poderia ser para o “Dia do Maçom”; a data poderia ser aquela em que esse projeto fosse aprovado.”
Posteriormente foi fixada a data de 20 de agosto, sendo aceita e comemorada por todos.
A explicação para a determinação do dia 20 de agosto baseou-se na histórica Sessão conjunta das Lojas “Comércio e Artes” e “União e Tranquilidade”, no Rio de Janeiro, onde o Ir∴ Gonçalves Ledo pronunciara um discurso inflamado, fazendo sentir a necessidade de proclamar-se a Independência do Brasil, cuja proposição foi aprovada pelos presentes e registrada em ata no 20º dia do 6º mês maçônico do Ano da Verdadeira Luz de 5822, interpretado como se fosse o dia 20 de agosto.
O que isso tem haver com a nossa Independência em 7 de setembro?
O 20 DE AGOSTO, DIA DO MAÇOM, foi escolhido, porque nessa data, que realmente a nação se tornou independente, por força e decisão da maçonaria.
E é uma efeméride nacional consagrada e, como tal, deve ser comemorada com toda pompa, pois a Maçonaria em muito contribuiu para a efetiva emancipação político-social do Brasil e os Maçons de um modo geral devem reverenciar seus membros responsáveis pelas ideias e as efetivas ações, mas sempre sabedores da verdade histórica.
- Esta data consta do art.179 da Constituição do Grande Oriente do Brasil e do art. 275 do Regulamento, ordenando a comemoração da data no dia 20 de agosto.
Desde 1923, encontra-se na BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO, a Certidão das Atas do Grande Oriente do Brasil, de 1822, com o título DOCUMENTOS PARA A HISTÓRIA DA INDEPENDÊNCIA, VOLUME I, LISBOA – RIO DE JANEIRO, 1923 – A MAÇONARIA E A INDEPENDÊNCIA.
Neste documento, grafa quando se refere à “Ata da Sessão de 20 do 6º mês Ano 1822”, a data correspondente no calendário Gregoriano como “(9 de setembro)”.
Em 20 de agosto de 1822, foi convocada uma reunião extraordinária do Grande Oriente do Brasil por Joaquim Gonçalves Ledo , em face da ausência de José Bonifácio, Grão-Mestre que se encontrava viajando. Gonçalves Ledo seu substituto hierárquico na maçonaria brasileira, profere um eloquente discurso, na ARLS Arte e Comércio em 20 de Agosto, onde era 1º Grande Vigilante. Expondo aos maçons presentes à necessidade de ser imediatamente proclamada a Independência do Brasil.
Por causa do discurso proferido, a proposta foi votada e aprovada por todos os presentes.
A cópia da ata dessa reunião foi encaminhada imediatamente a D. Pedro I que se encontrava também viajando e, recebeu tal decisão às margens do riacho do Ipiranga em 7 de setembro, ocasião que o Imperador proclamou a Independência do Brasil.

domingo, 10 de julho de 2011

Mulheres Que Ajudam

HISTÓRIA
"As mulheres são colunas indispensáveis na prática da beneficência maçônica; São construtoras, através da educação da vida, da família maçônica, que o Grande Oriente do Brasil fortalece como tronco principal de trabalho”.
Veneráveis Mestres e demais Irmãos, enriqueçam suas Lojas com essas valorosas presenças.
                              
                                                                                                                                          Jair Félix


A Fraternidade Feminina foi criada pela Constituição do GOB em 1967, normatizada pela Lei nº 030 de 09/10/96 aditada e
alterada pela Lei nº 0081 de 23/06/2005. É uma associação paramaçônica, patrocinada pelo Grande Oriente do Brasil, vinculada a uma ou mais Lojas Maçônicas da Federação.

A Diretoria Nacional, as Diretorias Estaduais e os Grão-Mestres Estaduais, estão desenvolvendo todo o apoio necessário para o fortalecimento das Fraternidades Femininas. Entendem que uma Loja Maçônica será sempre mais alegue, pacífica e trabalhadora, com a presença e participação das mulheres. Somos instrumentos de integração e fortalecimento da Família, instituição considerada a mais importante pela Maçonaria.

Então, ao cadastrar a sua Fraternidade, emitir o seu relatório, poderemos identificar e somar toda a atividade feminina paramaçônica do país, pleiteando novos apoios.

As atividades femininas numa Loja Maçônica, conscientizam os maçons do nosso papel de mulher na educação, saúde, união e presença cristã em nossos lares.

Então, nós mulheres devemos organizar a Fraternidade Feminina dentro da Loja Maçônica, sempre apoiadas e em consonância com o Venerável e os membros do Quadro, passando a dar suporte e motivação ao trabalho das causas sociais, como APJ, Maçonaria Contra as Drogas, assistência social e beneficência.
Frafemp - Fraternidade Feminina Paranapuan n°1447

OBJETIVOS
A Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul tem por objetivo:
I –  Desenvolver trabalhos de natureza cultural, promovendo debates, encontros, seminários, conferências e outros eventos que valorizem a participação da mulher na comunidade social;
II –   Desenvolver outras atividades de caráter social, cultural, bem como cívicas e filantrópicas;III – Coadjuvar e apoiar atividades sociais, culturais e filantrópicas de entidades congêneres, particularmente da Ação Paramaçônica Juvenil;IV – Promover por todos os meios a seu alcance, o bem estar da família das associadas, incentivando sua integração na comunidade;V – Apresentar ao Grande Oriente do Brasil, por meio das Lojas federadas, propostas de efetiva participação da Fraternidade Feminina nas atividades comunitárias em comum com os obreiros;VI – Estimular a prática da fraternidade entre as famílias associadas, dando ênfase às famílias dos maçons falecidos e inválidos, por meio de encontros, certames e visitas.
  
PRINCIPIOS GERAIS
A Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul tem por princípios gerais:

I  – A defesa dos deveres básicos de amor à família, fidelidade e devotamento à Pátria, cumprimento da lei e dedicação à comunidade;
II  – O trabalho nobre e dignificante, como direito inalienável;
III – A livre manifestação do pensamento e a prática da tolerância, princípios basilares das relações humanas, respeitadas as ideologias e a dignidade de cada uma;IV – A promoção do reconhecimento e das prerrogativas relativas aos direitos universais da mulher.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Escotismo e Maçonaria

Robert Stephenson
O escritor francês Roger Peyrefitte declara que: ”os escoteiros surgiram da maçonaria, porque Baden Powell era maçom. Sonhou, segundo o autor, fazer com harmonia a convivência entre os filhos de duques e filhos de empregados...”
No livro “ A Maçonaria”(1998) o investigador argentino Emílio J.Corbiére afirma que : “ No século XX, os maçons apoiaram importantes organizações esportivas, pacifistas ou direcionadas a internacionalizar os países e o mundo inteiro sobre a bandeira da Paz.” E cita alguns exemplos : “ O maçom suíço Henry Dunant criou a Cruz Vermelha Internacional, Robert Baden Powell fundou o Movimento Escoteiro, visionário e pioneiro, assim como outro maçom, Pierre de Coubertin refundou os Jogos Olímpícos.”
Como, se tantos autores o citam como maçom, pode-se duvidar de que Baden Powell tenha sido maçom ?
Dentre os diversos escritos que pesquisei, sempre que se nega o fato, baseia-se em declarações da esposa de Baden Powell, Lady Olave afirmando que ele nunca havia sido maçom. Porque ela teria afirmado isso ?
Primeiro , devemos admitir que não convém para a Igreja Católica que Baden Powell seja maçom , já que ela tenta monopolizar o Escotismo em muitos países, mesmo sendo o escotismo uma instituição Pan-religiosa. Se Baden Powell fosse maçom, o que aconteceria com a tentativa de monopolizar o escotismo, já que o Catolicismo tem sido o inimigo mais duro da Maçonaria, a ponto de uma declaração da Congregação para a Doutrina da Fé em Novembro de 1983 ter declarado que  não mudou o juízo negativo da Igreja à respeito das associações maçônicas, porque seus princípios tem sido considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja, e os fiéis que pertencem à ela arrecadam pecado grave e não podem chegar-se perto da santa comunhão.
E consultando vários sites da Internet, constatamos que a polêmica é grande. Muitos negam que Baden Powell tenha pertencido á Ordem e muitos o afirmam.
Na ausência de documentação que valide o espírito maçônico de B.P., já que nas Lojas Inglesas não há registro de sua participação, devemos avaliar a similaridade entre o escotismo e a maçonaria .
Alguns pontos de contato podemos enumerar :
1)     A promessa escoteira como uma iniciação do aspirante(profano) em iniciado.
2)     Uso e reiteração do número 3. No escotismo existem três princípios e três virtudes, enquanto na Maçonaria se fala em três luzes e das três luzes menores. Os escoteiros basicamente tem três graus de adestramento (Noviço,Segunda e Primeira Classe) enquanto que na Maçonaria existem os três graus simbólicos: aprendiz, companheiro e mestre.
3)     Os escoteiros e maçons apertam a mão de uma maneira especial e simbólica.
4)     É significativo o uso do termo “lobinho” e toda uma mística inspirada no livro de conteúdo maçônico, igual ao Kim.
5)     A ajuda ao próximo é uma particularidade de ambas as instituições.
6)     Se utiliza o termo “irmão escoteiro” ou “irmão maçom”, dando a entender a existência de uma Irmandade mundial.
7)     A Cadeia da Fraternidade (as mãos apertadas de forma igual)existe nas duas organizações em alguns momentos especiais.
Para reforçar a idéia do Escotismo nascendo da Maçonaria vamos falar de alguns pontos:
A amizade de Baden Powell com Maçons ilustres; mais que amizade o sentimento fraterno de B.P. com o Duque de Connaught e Rudyard Kipling, dois notórios maçons.
A amizade de Baden Powell com o Duque foi tal que B.P. colocou o nome de seu primeiro filho Arthur Robert Peter (Arthur pelo duque, Robert pelo seu pai e Peter pelo personagem Peter Pan.)
Quem afirma que B.P. foi maçom supõe que foi o Duque que iniciou BP nos mistérios da Irmandade, já que ele era Grão Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra.
É muito significativo que a pessoa que Baden Powell nomeou como Presidente dos Escoteiros da Inglaterra, seja ao mesmo tempo Grão Mestre dos Maçons deste país.
Um dos principais incentivadores do Escotismo, foi o Rei Inglês Eduardo VII. Ele havia sido iniciado na Maçonaria de Estocolmo pelo Rei da Suécia em 1868. Na Inglaterra atuou como Venerável na Loja Príncipe de Gales n.º 259, onde iniciou a seu irmão o Duque de Connaught.
Rudyard Kipling é um capítulo à parte na história do escotismo e na vida de BP. Este o conheceu na África do Sul em 1906. Dois anos mais tarde quando Baden Powell escreveu sua obra “Escotismo para Rapazes”, dedicou um bom espaço ao personagem de Kipling conhecido como Kim. Kimbal O´hara era um jovem órfão que vivia na Índia e era filho de um maçom inglês conforme revela a obra de Kipling em seu primeiro capítulo.
Em 1914, quando B.P. tentava criar uma unidade para irmãos menores dos escoteiros, decidiu utilizar o livro de Kipling “O livro da Selva” para modelar uma nova mística inspirada em Mowgli. Pediu autorização ao autor e diz Baden Powell que este “era um bom amigo do escotismo desde seus primórdios, autor da canção oficial dos escoteiros e pai de um escoteiro”.
É interessante que o nome escolhido para estas crianças, “lobinhos”, sendo conhecido como o nome que os maçons dão às crianças “adotadas” pela Irmandade, nome semelhante.( Lowtons é uma designação muito antiga e significa “jovens lobos”).
Estas três pessoas (o Duque, o Rei e Kipling) de notável influência em Baden Powell pertenciam à Ordem Maçônica. Para alguns, o impulso na fundação do Escotismo esteve dirigido por maçons. Na França o barão Pierre de Coubertin, nos EUA existiram dois grandes homens que colaboraram na criação do Boy Scouts of America : Ernest Thompson Setton (escoteiro-chefe nacional) e Daniel Carver Beard (Comissário Escoteiro Nacional) este último reconhecido franco-maçom.
Além destes, dois presidentes americanos colaboraram ativamente com a obra de
Baden Powell. Um deles, Roosevelt é citado no livro Escotismo para Rapazes.
Roosevelt foi nomeado vice Presidente honorário dos Boy Scouts of América ao se fundar a instituição. E era um porta-voz maçônico em todo o Mundo. O outro presidente que lutou pela causa escoteira foi Willian Taft que se encontrou com o chefe escoteiro mundial em 1912 e lhe prometeu total apoio na difusão do escotismo nos EUA. Taft foi iniciado em 1909 e foi fotografado em várias oportunidades com o malhete maçônico que pertenceu a George Washington.
Com tão obviamente maçônica companhia ao longo do desenvolvimento do escotismo e de toda sua vida , como duvidar da participação de Baden Powell  na Ordem Maçônica ? Com tantos pontos em comum, como duvidar de que o Escotismo e a Maçonaria beberam da mesma fonte ?
Se não existem indícios que Robert Stenphenson Smith Baden-Powell tenha um dia sido iniciado na Maçonaria, se não existem indícios que Rudyard Kipling tenha interferido na Metodologia Educacional do Movimento Escoteiro, como surgiu esta relação tão estreita ? (retirado do trabalho do Ir.`. Fábio Giunti)
Bibliografia : 
  • Trabalho do Ir.`. Fabio Giunti
  • Peyrefitte,Roger ; Los Hijos de la luz – Sudamericana,Buenos Aires-1962
  • Caro,José Maria : El Misterio de la masoneria –Imprenta Chile-Santiago -1926
  • Ir.'. Gilson - Amor e Justiça - 133
  • Hufin,Serge : Las sociedades secretas –Eudeba-Buenos Aires-1961
  • Site do Grupo Escoteiro Baependi – www.baependi.com.br
  • The Kipling Society –Site da Internet


  • Kipling, Ruydard : O Livro da Selva – 1894 – Reedição 1997

sábado, 2 de julho de 2011

O Primeiro DeMolay

Louis Gordon Lower nasceu em 02 de Fevereiro de 1902. Com dezessete anos, Lower foi apresentado a Frank Sherman Land. Naquele momento, Louis estava simplesmente procurando por um emprego para ajudar com as finanças da família, mas seu comportamento despertou o interesse de Land. Land sugeriu que Lower poderia ajudá-lo a organizar um clube de jovens rapazes – uma organização para encorajar e dar direção a homens como Louis Lower.

Dentro de poucas semanas, o primeiro encontro não oficial da Ordem DeMolay aconteceu no Templo do Rito Escocês em Kansas City. Lower foi o primeiro DeMolay – sua patente emitida pelo Capítulo Mãe de Kansas City, Missouri é datada de 5 de Outubro de 1919 e tem a assinatura de Frank S. Land. Louis também foi o primeiro membro da Legião de Honra.

Em 1943, Louis, um funcionário público bem conceituado, era o Diretor do Auditório Municipal, em Kansas City, Missouri.

Em 18 de julho de 1943, Louis Lower foi assassinado, em Kansas City, Missouri. Ele tinha parado para questionar um guarda de segurança bêbado que estava organizando o tráfego em um cruzamento movimentado nas ruas da cidade. Ele tinha 41 anos de idade. Ele foi socorrido por sua esposa Dazie B. Lower, suas irmãs Fredonia Lower, JE Wasson, e o seu irmão Elmer W. Lower.

Louis Lower era um homem de ideais. Ele os manteve para si mesmo até a hora de sua morte. Alguns eram sonhos de juventude, de quando ele era um DeMolay ativo, ele nunca se afastou da Ordem.

Sua morte foi uma perda profunda para Ordem DeMolay, especialmente a Frank S. Land que o tinha como um filho.

“Ele era, para milhões de jovens, um símbolo dos ideais e ensinamentos de nossa ordem. Ele vestia o manto desta admiração com dignidade e graça. Ele nunca se esqueceu de sua responsabilidade. As éticas de liderança ensinadas na Ordem DeMolay floresceram em incontáveis campos de trabalho. Ele era um homem de ideais... Ele amou a Deus, sua casa, e seu país. Ele era um cavaleiro errante na vida diária, embora ele nunca admitisse isso – ele era."

Frank Sherman Land

Fonte Traduzida do original em inglês pelo Irmão Ataulfo Oiano

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Origem da Ordem DeMolay

Brasão da Ordem DeMolay
Em 1919, na cidade de Kansas City, Missouri, um acidente de caça deixou órfão o jovem Louis Gordon Lower. Após o falecimento de seu pai, Louis transferiria a figura de seu pai a um amigo da família, o maçom Frank Sherman Land, com o qual buscava constantemente conselhos e orientações, foi a ele que Louis pediu seu primeiro emprego.

A partir da convivência com Lower e seus amigos, Frank Land percebeu que o problemas pelos quais o jovem Louis passava era comum a qualquer rapaz. A adolescência é uma fase de grandes conquistas e descobertas em qualquer cultura, mas principalmente, é a fase mais importante na formação do caráter de uma pessoa. Foi então que Frank Land teve a idéia de fundar uma organização juvenil que proporcionasse grandes amizades e incutisse nos jovens elevados valores morais e patrióticos, e para essa empreitada convidou o jovem Louis Lower para ajudá-lo, pedindo que convidasse alguns de seus amigos da Escola Secundária para uma reunião.

Foi em fevereiro de 1919 que Louis Lower e oito de seus amigos se reuniram em um templo com a finalidade de fundar uma nova organização de jovens. Surgiu, então, a questão de como chamar esta nova organização. Land citou vários nomes famosos, porém nenhum agradava aos rapazes de um modo especial. Um dos jovens sugeriu que, por estarem em um Templo Maçônico, alguma figura ligada à maçonaria deveria ser lembrada. Aceita, por uma determinação do destino, a sugestão tomou corpo quando Land mencionou o nome de Jacques DeMolay, último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, que morreu como mártir de lealdade e tolerância, sendo seu nome escolhido por unanimidade como símbolo e patrono da Ordem.

Em 18 de março de 1919, os noves jovens acompanhados de vinte e quatro amigos reuniram-se novamente em um Templo Maçônico, organizando oficialmente a Ordem DeMolay, com o número ideal de 33 jovens. Coincidentemente, 18 de março é o dia da morte de Jacques DeMolay, dizem que Frank Sherman Land só saberia dista 20 anos mais tarde. Na segunda reunião, Louis Lower foi o primeiro a fazer o juramento DeMolay sobre a Bíblia Sagrada. “Tio Land” sempre comparecia às reuniões, e dava conselhos valiosos quando os jovens precisavam, especialmente em uma das primeiras reuniões, em que um dos membros sugeriu limitar o número de integrantes a 75. “Tio Land” explicou que seria egoísmo, pois o que era bom para eles deveria ser bom também para outros jovens, isto fez com que o Capítulo de Kansas City, o “Capítulo Mãe”, em apenas 1 ano contasse com 3.000 jovens iniciados.


Alguns meses após a fundação da Ordem, Frank
Land percebeu a necessidade de um Ritual e então falou com o Maçom responsável pelo Setor Educacional de Kansas City, o Editor-Chefe do "Kansas City Journal" Frank Arthur Marshall. Foi ele o responsável por escrever um Ritual que possuía dois graus. O Ritual foi utilizado pela primeira vez em setembro de 1919 e permanece até os dias atuais, com exceção de algumas palavras, exatamente como foi escrito.

Jacques DeMolay

quarta-feira, 29 de junho de 2011

ORIGENS DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

Ao contrário do que vulgarmente se acredita, o RITO ESCOCÊS nada tem a ver com o Estado da ESCÓCIA, pois na época do aparecimento deste rito, as Lojas de lá trabalhavam no Rito de YORK, como em toda a Grã-Bretanha.
Afirmam certos historiadores tradicionais, mas sem jamais terem podido comprová-lo ou documentá-lo, que a criação de graus "inefáveis" deste rito se teria procedida logo depois da terminação da primeira Cruzada (1099 D. C.), na Escócia, na França e na Prússia, simultaneamente. Mas tudo isto é pura fantasia, bastando dizer que a Prússia então, como Estado, ainda nem existia. Houve isto sim, a criação de inúmeros "títulos" honoríficos de "Ordens de Cavalaria", mas estas nada tinham a ver com a Maçonaria.
 
É muita vontade de criar uma falsa antiguidade, hoje em dia muito usual na Arte Real, e muito similar, á idéia de ANDERSON, ao publicar, depois de sua famosa CONSTITUIÇÃO DE 1723, uma nebulosa "HISTÓRIA PATRIARCAL DA MAÇONARIA" (começando em 3785 A. C. E terminando na Inglaterra em 1714 DC). É a conhecida "Maçonaria Romanceada", que sistematicamente nos é apresentada pelos nossos editores "especialistas", em traduções de literatura estrangeira barata, por não estarem os historiadores patrícios dispostos a pesquisarem a história da maçonaria AUTÊNTICA, e com isenção de animo nem a nossa história querem analisar.
Mas o que a maioria destes escritores fez, foi escrever a história da maçonaria "NA" Escócia, começando pelo famoso EDITAL da Cidade de Edinbourgh, de 1415, permitindo a constituição de uma "Corporação de Franco-Burgueses", e a Arte Real, que se foi desenvolvendo depois disto.
Fato é, que o RITO ESCOCÊS surgiu na FRANÇA, e isto depois de lá ter sido introduzida a Maçonaria Inglesa, naturalmente do Rito de YORK.
A primeira Loja foi instalada em 1 de junho de 1726, na adega "AU LOUIS D'ARGENT", á rua dos Açougueiros (rue de Bucherie), de propriedade do inglês "HURE", loja esta que teria sido fundada por Lord DERWENTWATER e Ld. HARNOUESTER.
Em 17 de maio de 1729 foi instalada uma segunda Loja, fundada pelo filantropo francês André-François Lebreton, numa outra adega da mesma rua. Só em 1732 surge a LOGE DE BUSSY, sob jurisdição inglesa, que recebeu o N° 90 e o nome de "KING'S HEAD AT PARIS" e foi provavelmente sucessora da "Louis D'Argent". E até 1735 mais três lojas foram ai fundadas sob a jurisdição da Gr. Loj. Inglesa.
Consta, que por volta de 1728 teria sido fundada a Grande Loja de França, pelo menos é isto que ela mesma afirma em sua nova Constituição de 1967 (Ref. F-1967,936), mas o que se sabe é apenas, que entre 1728/30 um "Ordre des Francs-Maçons dans le Royaume de France" organizou o seu "Regulamento Geral", dentro dos moldes da Organização Inglesa, elegendo para seu primeiro Gr.: M.: o Príncipe Philippe de WHARTON, ex-Gr.: M.: da Grande Loja de Londres, que em 1728 se tinha refugiado em Paris.
Foi ele sucedido por James-Hector Mac Leane, Cavaleiro "Baronnet D'ECOSSE", em 27 de dezembro de 1735. E foi este que fixou todos estes fatos para a posteridade, num manuscrito recentemente encontrado na Biblioteca Nacional de Paris, e já falando ele de GRANDE LOJA, de modo que é mais do que provável, ter este titulo sido adotado um pouco antes pelo seu antecessor, digamos entre 1730/35. Em seguida o supremo malhete passou para as mãos de Charles Radclyffe, "4° Conde de Derwentwater", em 27 de dezembro de 1736, e depois para o Duque D'AUSTIN, neto de Madame de MONTESPAN, em 1738.
E tanto isto é verdade, que ANDERSON em seu "New Book of Constitution", impresso em Londres em 1738, á página 195 diz textualmente o seguinte:
"... Todas ESTAS Lojas Estrangeiras (... Acabara de relacionar as Lojas inglesas no estrangeiro...) estão sob a proteção de nosso Grão Mestre da Inglaterra; entretanto, a Loja antiga da cidade de Nova York, e as Lojas da ESCÓCIA, da Irlanda, da França e da Itália, tendo declarado a sua Independência, tem "os seus próprios Grão Mestres: Muito embora tenham as MESMAS CONSTITUIÇÕES, Obrigações Regulamentos, etc., de seus Irmãos da Inglaterra, estando igualmente zelando pelo estilo Augustiano e os segredos da antiga e honorável fraternidade..."
Logicamente outras Lojas e talvez mesmo outras potências administrativas foram surgindo logo, e a índole latina foi imediatamente modificando e alterando a ritualística da maçonaria tradicional inglesa, para o seu gosto por demais rígida e sem dar o destaque ás castas governantes e militares, que sentiram a necessidade de se projetarem sobre os maçons burgueses.
Se na Inglaterra, aonde a Arte Real já vinha de longe, depois de 3 séculos de lutas religiosas e políticas, o povo já tinha encontrado o seu MODUS VIVENDI dentro da tolerância, a que prudentemente se tinha adaptado o clero aristocrático, os presbiterianos e os anglicanos, isto já não acontecia na França, onde a maçonaria era cousa nova.
Assim por volta de 1730/35 surgiu na França o Rito Francês e o Rito ESCOCÊS nos graus simbólicos, Pouco tempo depois foram inventados os graus "inefáveis", que paulatinamente foram sendo acrescentados ao "MAITRE ECOSSAIS".
Já em 1742, afirmam os historiadores contemporâneos, estava formada a "Maçonaria ESCOCESA", organizada pelo "Conseil des Empereurs d'Orient et d'Occident, Grande e Souveraine Loge Ecossaise Saint Jean de Jerusalem", uma subsidiaria surgida no seio da Grande Loja de França, que organizou o Rito Escocês, também adotando o sufixo ANTIGO E ACEITO, usado pela primeira vez por ANDERSON, em sua Nova Constituição de 1738.
E quando finalmente foi eleito para Gr.: M.: o Conde de CLERMONT, Louis de Bourbon, em 1743, havia na França uma verdadeira inflação de Lojas, mais de DUZENTAS, como nos contam historiadores da época, mas sendo muitas delas "Ordens de Cavalaria".
No ano de 1758 fundou-se em Paris um novo Corpo Maçônico, que recebeu o nome de CAPÍTULO, ou "Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente", e NOVE Comissários deste Corpo elaboraram, o que se tornaria conhecido como a CONSTITUIÇÃO DE BORDEAUX, de 21 de setembro de 1762 (6° Dia da 3a Semana 7a Lua Ano 57621, que introduzia um sistema de RITO ESCOCÊS de 25 GRAUS. Mas a pacificação, que se tinha pretendida, não foi duradoura, e já em 1767 a Grande Loja de França adormecia.
Somente em 22 de outubro de 1773 a maçonaria francesa voltou a reunir-se em "Grande Loja Nacional", acabando por fundar o Grande Oriente de França, tendo como Gr.: M.: o Duque de CHARTRES.
A maioria dos Diretórios ESCOCESES se incorporaram ao Gr.: Or.: de França, enquanto alguns fundaram a Grande Loja de CLERMONT, de vida efêmera.
Deve ser mencionado aqui, que muitos escritores do passado, e ainda alguns "copistas" dos nossos dias, costumam citar o nome do Barão ANDREAS MICHAEL RAMSAY (nascido em 1686, iniciado na HORN LODGE, de Londres, em Março de 1730 (Ref. F-1973,937), e falecido em 6 de maio de 1743), como "inventor" do Rito Escocês dos "altos graus". Entretanto, basta a leitura de seus discursos como Gr.: Orador que era da Gr.: Loja de França, e especificamente o pronunciado em 21 de março de 1737, para termos a prova da incongruência de tal afirmação, pois disse textualmente o seguinte:
-... A atividade da Maçonaria, resumida nos TRÊS graus (... Evidentemente os simbólicos...), e só estes reconhecemos, pode ser considerada perfeitamente suficiente..."
Pronunciamento este, que bem prova a sua ojeriza aos graus inefáveis, que já então existiam. Provavelmente o simples fato de ter sido ele membro da "Ordem de São Lazaro de Jerusalém", da qual era Gr.: Mestre o Regente FELIPE DE ORLEANS, da educação de cujos filhos esteve RAMSAY encarregado entre 1715/24, Ordem de que ele recebeu o titulo de "Cavaleiro Baronnet D'ECOSSE", e ainda o fato de ter sido ele um grande estudioso e filósofo, por certo bastou aos historiadores profanos para lhe atribuírem essa "paternidade. Para melhor se compreender a confusão que existe, basta citar que se conhece "quatro" versões dos Discursos de RAMSAY: de 1738 (Haya), 1741 (Paris), 1742 (Frankfurt s. M. E de 1743 (Londres).
Vá lá que RAMSAY tenha colaborado na elaboração das bases para o rito ESCOCÊS nos TRÊS graus simbólicos, mas nem isto pôde ainda ser comprovado. E de passagem se diga aqui, que a primeira Loja de Perfeição, de que se tem noticia, foi criada em Bordeaux, em 1744, portanto um ano depois do passamento de Ramsay.
Lastimavelmente a Revolução Francesa, ao contrário do que habitualmente·se afirma, dispersou os Franco-Maçons, que só a partir de 1799 foram paulatinamente se reagrupando no Grande Oriente de França, que neste ano foi REERGUIDO.
Em 12 de outubro de 1804 os grandes oficiais do Rito ESCOCÊS se reuniram, e em nova reunião de 22 de outubro de 1804, de Grande Consistório, formaram uma GRANDE LOJA ESCOCESA DE FRANÇA DO RITO ANTIGO E ACEITO, elegendo o príncipe Luiz Napoleão para Gr.: M.: e para seu Representante-Presidente o Conde Alexandre-François-August de GRASSE-TILLY, mas já em Dezembro do mesmo ano este estabeleceu um acordo com o Grande Oriente de França, delegando-lhe poderes para administrar, além dos 3 graus simbólicos, também os graus "inefáveis" de 4 até 18 (Rosa-Cruz).
Mas quando em Julho de 1805 o Grande Oriente de França resolveu também administrar os restantes graus filosóficos, de 19 em diante, houve um rompimento entre as duas jurisdições, que só pôde ser sanado em 1821, quando o Rito Escocês Antigo e Aceito se reorganizou totalmente na França.
A atual Grande Loja de França só em 7 de novembro de 1894 foi RECONSTITUÍDA, quando 60 (sessenta) Lojas do Supremo Conselho decidiram separar o SIMBOLISMO do Sistema FILOSÓFICO dos Altos Graus. Portanto, na verdade era "Potência NOVA".
Fonte: História do Supremo Conselho do Grau 33.: do Brasil
Editôra: Livraria Kosmos Editora
Página: 3-5
Data: 1981
Autor: Ir.'. Kurt Prober